De acordo com um relatório divulgado pela Agência Ambiental Europeia (EEA) nesta segunda-feira (15), o registro de mortes causadas pela poluição do ar no continente caiu 10% em relação ao último levantamento, feito em 2019 e publicado em 2020. Ainda assim, o número continua alarmante: em torno de 307 mil pessoas morrem por ano por exposição a partículas finas no ar na Europa.

Outro dado de grande relevância apontado no estudo assegura que se as últimas diretrizes de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS) fossem seguidas à risca pelos membros da União Europeia (UE), o último número de fatalidades poderia ter sido reduzido pela metade.

No relatório de 2018, divulgado em 2019, as mortes ligadas à exposição a partículas finas de matéria – com um diâmetro abaixo de 2,5 micrômetros (ou PM2,5) – foram estimadas em 346 mil.

De acordo com o site Phys, o centro de dados de poluição do ar da União Europeia afirmou que a redução de óbitos no ano seguinte foi atribuída, em parte, ao clima favorável, mas, acima de tudo, a uma melhoria progressiva na qualidade do ar em todo o continente.

No início da década de 1990, as partículas finas, que penetram profundamente nos pulmões, causaram quase um milhão de mortes prematuras nos 27 países membros da UE, segundo o histórico da EEA. Esse número caiu mais da metade, para 450 mil, em 2005.

Número mais elevado de mortes pela poluição do ar na Europa foi na Polônia

Segundo o levantamento mais recente, as partículas finas causaram 53,8 mil mortes prematuras na Alemanha, 49,9 mil na Itália, 29,8 mil na França e 23,3 mil na Espanha. Proporcionalmente ao número de habitantes, o país europeu que registrou mais vítimas fatais foi a Polônia, com 39,3 mil mortes.

A EEA também registra mortes prematuras ligadas a dois outros poluentes importantes, mas afirma que não as contabiliza em seu tributo geral para evitar que dobrem. Óbitos causados por dióxido de nitrogênio – principalmente de carros, caminhões e usinas termelétricas – caíram para 40 mil entre 2018 e 2019, representando uma queda de 25%. Já as fatalidades relacionadas ao ozônio no nível do solo caíram 13%, registrando 16 mil mortos.

De acordo com a agência, a poluição do ar continua a ser a maior ameaça ambiental à saúde humana na Europa. As doenças cardíacas e os derrames causam a maioria das mortes prematuras atribuídas à poluição do ar, seguidas por doenças pulmonares, incluindo câncer.

Em crianças, a poluição atmosférica pode prejudicar o desenvolvimento pulmonar, causar infecções respiratórias e agravar a asma.

Mesmo que a situação esteja melhorando, a EEA alerta que a maioria dos países da UE ainda está acima dos limites de poluição recomendados, sejam eles diretrizes europeias ou metas mais ambiciosas da OMS.

Poluição mata 7 milhões de pessoas por ano no mundo

Segundo o órgão de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição do ar causa sete milhões de mortes prematuras anualmente em todo o mundo – nos mesmos níveis que o fumo e a má alimentação.

Em setembro, as estatísticas alarmantes levaram a OMS a apertar os limites recomendados para os principais poluentes atmosféricos pela primeira vez desde 2005. “Investir em aquecimento, mobilidade, agricultura e indústria mais limpos melhora a saúde, a produtividade e a qualidade de vida de todos os europeus, especialmente dos mais vulneráveis”, disse o diretor da EEA, Hans Bruyninck.

Segundo o estudo atual, a UE quer reduzir as mortes prematuras ocasionadas pela poluição do ar em pelo menos 55% em 2030 em comparação com 2005. Se a poluição do ar continuar a cair no índice atual, a EEA estima que a meta será alcançada até 2032.

No entanto, uma população envelhecida e cada vez mais urbanizada pode tornar isso mais difícil. “Uma população mais velha é mais sensível à poluição do ar e uma taxa mais alta de urbanização normalmente significa que mais pessoas estão expostas às concentrações de PM 2,5, que tendem a ser maiores nas cidades”, diz o relatório.

(Flavia Correia / Olhar Digital)